Como aconteceu com a grande maioria dos municípios brasileiros, Rio Grande teve sua cultura formada com a colaboração de diversas etnias. Apesar do predomínio da imigração açoriana na formação da identidade do município, cada povo que aqui se instalou no passado deixou sua marca. A contribuição das diversas imigrações para a cultura rio-grandina pode ser percebida nas construções, na urbanização, nos eventos, culinária e até no jeito de ser de cada cidadão.
Os alemães
A fábrica Rheingantz é o principal representante da contribuição alemã na formação da cultura rio-grandina. Construída em 1874, ela marca o único sítio urbano histórico do estado que permanece em seu conjunto, destacando o período de industrialização do País.
Durante a Segunda Grande Guerra os alemães e descendentes que viviam em Rio Grande sofreram represálias e muitos foram para municípios do interior do Estado. Até a Sociedade Germânia teve seu patrimônio entregue à Guarda da Legião Brasileira de Assistência (LBV). Depois da guerra o prédio foi devolvido para os sócios. Hoje pertence à Fundação Sócio Esportiva do Rio Grande (Funserg).
Muitos alemães e descendentes que vivem no município ainda conservam as tradições de sua terra natal. Um costume simples ainda existente é deixar a visita abrir a porta na hora de ir embora para saber que pode voltar. Na gastronomia, bolinho de batata crua com guisado (königsberger klops), torta de maçã (apfeltonte) e torta de limão (zitronentorte) ainda fazem parte do dia-a-dia de muitas famílias.
Os libaneses
Diferente de outros imigrantes, os libaneses tiveram muita dificuldade de manter suas tradições, já que não vieram para a região para trabalhar no campo. Assim, precisaram assimilar a língua e os costumes locais.
O predomínio, entre os imigrantes, oram as atividades ligadas ao comércio. Nesse setor, eles introduziram a habilidade que fez de Rio Grande pólo comercial e de prestação de serviços da região. Na culinária, eles introduziram o hábito de consumir grãos como a lentilha, grão-de-bico e gergelim.
Os espanhóis
No século XVII, o Rio Grande do Sul era uma região disputada entre portugueses e espanhóis. A ocupação iniciou-se de fato com os milicianos, que eram tropeiros de São Paulo e Minas Gerais, sendo reforçada com a vinda de casais açorianos na década de 1750. Essa imigração açoriana foi promovida pela Coroa Portuguesa, para estabelecer o domínio português na região.
Os espanhóis introduziram a criação de gado, que rapidamente tornou-se a economia predominante no Rio Grande do Sul. A população se concentrava nos pampas, tendo havido uma fusão de costumes espanhóis, portugueses e indígenas, que deram origem ao tipo regional gaúcho. Embora o gaúcho fosse mais português que espanhol, a influência cultural vinda dos países vizinhos predomina na cultura gaúcha até hoje.
Talvez seja na gastronomia onde se identifique uma maior influência da cultura espanhola no modo de ser do rio-grandino. Principalmente pelos pratos à base de frutos do mar.
Os africanos
Os cultos religiosos, a culinária e palavras do vocabulário brasileiro são apenas algumas das contribuições dos africanos para a cultura do país e região. Existe uma grande dificuldade em se estabelecer a região da África de onde vinham os escravos no passado. Sabe-se apenas que vieram do porto do Rio de Janeiro. Estima-se que a maioria veio de Angola, Congo e Moçambique.
Embora a mão-de-obra escrava utilizada nas fazendas do Estado vinha de lugares diferentes, o que dificultava a preservação de suas culturas. Mesmo assim os afro descendentes também trouxeram para cá as crenças, a gastronomia e principalmente a inclinação para as artes.
Os italianos
Quando se pensa na Itália as primeiras imagens que vêm à cabeça são as especialidades da culinária. Entretanto, os imigrantes italianos são os que mais conservam suas tradições. No Centro Cultural Ítalo Brasileiro, pode-se conhecer os trajes típicos e objetos trazidos pelos imigrantes. Mas as contribuições para a cultura brasileira vão mais além.
Os imigrantes italianos introduziram na região técnicas e tecnologias para cultivar a terra. Na indústria, a mão-de-obra especializada. Além disso, eles inseriram os conceitos de participação comunitária e organizações sindicais.
Os portugueses
A imigração portuguesa foi outra que influiu bastante na formação da cultura em todo o território nacional. As tradições religiosas, como comemorar os dias dos santos, e a pontualidade nos horários das refeições são características dessa cultura.
A ligação de Rio Grande com Portugal é tão forte que existe a geminação entre o município e a cidade de Águeda, que tem em seu protocolo o intercâmbio cultural. Águeda é a cidade que mais enviou imigrantes para o município.
Rio Grande sempre foi um amplo centro de colonização portuguesa, quer no tempo do império ou no tempo da república.
Os poloneses
Rio Grande é a segunda maior colônia polonesa do Estado. Hoje, os descendentes formam uma das maiores comunidades do município, mantendo as tradições e freqüentemente relembrando a saga dos antepassados, que viram no Brasil uma terra de melhores oportunidades. Uma das marcas da cultura polonesa no município é a Sociedade Cultural Águia Branca.
Os japoneses
Os japoneses que vieram para Rio Grande e região acabaram se especializando em atividades como comércio e prestação de serviço. A alimentação do gaúcho sempre se baseou na carne. Com a chegada dos imigrantes, os costumes se modificaram. Foram os japoneses, que introduziram o hábito do consumo cotidiano de hortigranjeiros.
Os açorianos
Os açorianos foram os imigrantes que mais contribuíram para a formação da cultura de Rio Grande e Região. Pode-se constatar essa afirmação na urbanização e prédios do centro, além de costumes como os Ternos de Reis. Na gastronomia, o arroz de leite, doce de ovos e pratos a base de peixe. O Ecomuseu da Picada, localizado no Arraial, reúne um acervo bibliográfico e exposições sobre a imigração açoriana.
domingo, 30 de novembro de 2008
Os imigrantes no Rio Grande do Sul
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